Poesia-nau
A tal da extravagância me enfadou.
Hoje, estou para o simples, pra monções
que atendam minha nau sem escansōes
notáveis; o que nela me agradou.
E, apesar disso, acabo de empregar
aférese danada; alguns heroicos
versos que, decassílabos, não fogem
ao dever de isto tudo embelezar.
Suponho que a poesia é bem assim:
depois de desvendada, o navegante,
todo instante inspirado, diz o sim.
Porque o não, sensabor e petulante,
é, pela arte, ominoso qual cansim;
tal é o fado que leva o mor amante.
L.L.D.
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